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terça-feira, 18 de junho de 2013

World Endurance Championship - Campeonato Mundial de Endurance

Hoje vou explicar uma categoria que não é muito conhecida nem apreciada pelas pessoas aqui no brasil, estou falando do WEC (World Endurance Championship), o campeonato mundial de provas de longa distancia.



Essa competição é fascinante, pois ela leva o piloto e a sua maquina ao limite. Imagine o seu carro rodando direto por 24 horas, será que ele resistiria?

No WEC estão presentes as principais montadoras de carros, isso justamente porque essas provas são excelentes campos de testes para novas tecnologias, estudos dos componentes para uma maior durabilidade, além da enorme visibilidade que esse campeonato dá a marca.

Para escrever essa explicação da categoria, eu vou ter a ajuda de Bruno Senna, mas antes que vocês pensem que eu o conheço, infelizmente não conheço, mas ele mesmo produziu uma explicação da categoria e publicou no seu Twitter para seus seguidores entenderem melhores as provas. Isso me serviu de motivação pra escrever esse post, então irei explicar os principais pontos das provas e sitarei comentários que o Bruno Senna faz na sua explicação publicada no Twitter.

O que é?

O Campeonato Mundial de Endurance são disputadas provas de longa duração, com diferentes categorias de carros e de pilotos. Existem provas de 6 Hrs de duração e uma prova de 24 Hrs de duração.

Existem quatro tipos de categorias dentro do campeonato, cada uma com regras especificas, pontuações por categorias, e diferentes tipos de pilotos. Mostrarei as quarto categorias mais adiante.

O campeonato é novo, existe a apenas 2 anos. Mas não confundam o WEC com a Le Mans Series, que existe tanto na Europa quanto nos Estados Unidos. O principio é o mesmo, são diferentes categorias de carros, correndo em provas de longa distancia, mas nas Le Mans Series, a maioria das provas tem 24 Hrs de duração, diferente do Mundial de Endurance que existem provas mais curtas.

Categorias

As quarto categorias existentes são: LMP1, LMP2, GTE- Pro e GTE-AM.

LMP1

São os carros mais rapidos do WEC, fazem tempos de voltas entre 10 e 15 segundos mais lentos que um carro de F1, chega a ter uma velocidade final de 340Km/h. E apenas pilotos profissionais podem pilota-los no campeonato.

Nas palavras de Bruno Senna: "O LMP1 é o “F1” do Endurance, em termos de performance, mas é uma categoria muito cara, o que limita a competição pela vitoria para uma ou duas equipes oficiais de fabrica e mais algumas equipes privadas com bons patrocinadores."




Identificação: números brancos sobre um fundo vermelho

Peso mínimo: 900 kg

Comprimento total: 4650 milímetros (max), incluindo a asa traseira

Largura: 2000 milímetros (max)
Altura: Não mais do que 1.030 milímetros acima da superfície de referência do carro com exceção da carenagem da estrutura rollover traseira, que pode ser no máximo 10 mm acima da estrutura rollover traseira.


Motores permitidos:



3.4L (gasolina, naturalmente aspirado)

2.0L (Gasolina, Turbo / Supercharged)
2.7L (Turbo, Diesel Charged)

Número de cilindros - Livre

LMP2

Podemos dizer que os veículos da LMP2 são versões mais "simples" e baratas do que os da LMP1. Possuem uma carga aerodinâmica menor e motores menos potentes, mas visivelmente são bem parecidos com seus primos mais caros e rápidos. Além de pilotos profissionais, pilotos semi-profissionais podem pilota-los nas provas.

Bruno Senna: "A LMP2 é destinada a equipes independentes de fabricantes. É fácil confundir um LMP2 com o LMP1 na pista sem conhecer as distinções entre equipes. Na LMP2 é mais comum ver pilotos semi-profissionais pilotando os carros, então nem sempre esses carros atingem seu máximo potencial nas corridas."



Identificação: números brancos sobre um fundo azul
Peso mínimo: 900 kg
Comprimento total: 4650 milímetros (max), incluindo a asa traseira
Largura: 2000 milímetros (max)
Altura: Não mais do que 1.030 milímetros acima da superfície de referência do carro com exceção da carenagem da estrutura rollover traseira, que pode ser no máximo 10 mm acima da estrutura rollover traseira.

Motores permitidos:

5.0L (Gasolina, naturalmente aspirado) / 8 cilindros máximo
3.2L (Gasolina, Turbo/Supercharged) / 6 cilindros máximo
Motores a diesel não são permitidos.

GTE-Pro

A GTE é dividida em duas categorias, que tem permissões diferentes dos pilotos que podem pilotar os carros, tirando essa diferença, os carros são muito parecidos, possuindo inclusive os mesmos limites de configuração.

Essa categoria é muito importante pois só podem correr carros que são fabricados e vendidos para o publico em geral. Os carros precisam ter duas portas e dois ou quarto lugares internos. Obviamente permitido mudanças nos carros para deixa-los mais rápidos e duráveis dos que as versões de fabrica. Marcas como Ferrari, Porsche, Lamborghini, BMW, Aston Martin entre outras competem nessa categoria.

Bruno Senna: "A categoria é extremamente competitiva e os carros são muito confiáveis, então as corridas são disputadas sempre no limite e acabam terminando com poucos segundos entre os competidores, mesmo ao final de 24h."



Identificação: números brancos sobre um fundo verde
Peso mínimo: 1.245 kg
Comprimento total: 4.800 milímetros (max)
Largura total: 2.050 milímetros (max), excluindo os espelhos retrovisores

Motores Permitidos:

5.5L max (gasolina, naturalmente aspirado)
4.0L max (gasolina, Turbo / Supercharged)

GTE-AM

Como já havia falado antes, possui praticamente as mesmas regras da GTE-Pro, com exceção de que na GTE-AM só é permitido a equipe ter um piloto profissional, os restantes precisam ser semi-profissionais ou amadores. E o desenvolvimento do carro durante o ano é quase nenhum, permanecendo bem parecido com as versões de fabrica.

Bruno Senna: "Permitido somente o uso de 1 piloto profissional e outros pilotos amadores ou semi-profissionais por carro. Geralmente são usados carros do ano anterior e as especificações são muito fixas, sem potencial de desenvolvimento."




Identificação: números brancos sobre um fundo laranja
Peso mínimo: 1.245 kg
Comprimento total: 4.800 milímetros (max)
Largura total: 2.050 milímetros (max), excluindo os espelhos retrovisores

Motores Permitidos:

5.5L max (gasolina, naturalmente aspirado)
4.0L max (gasolina, Turbo / Supercharged)

Nivelamento de Performance

Por causa da disputa de grandes montadoras contra algumas equipes que se mantem de patrocinadores, a FIA, para deixar a categoria equilibrada, tem alguns requisitos que podem ser alterados para manter os veículos de cada categoria nivelados.

As alterações que os carros podem sofrer para o nivelamento de performance são:
  • Aumento ou diminuição do peso dos carros
  • Aumento ou diminuição das asas traseiras dos carros
  • Aumento ou diminuição dos restritores de ar nos motores
  • Aumento ou diminuição do tamanho dos tanques de combustível

Circuitos e Calendário


Como já havia falado antes, no calendário do WEC existem vários circuitos espalhados pelo mundo, incluindo o Brasil. Existem provas de 6 horas de duração e uma prova com 24 horas de duração, a famosa 24Hrs de Le Mans.

Abaixo o calendário dessa temporada:

6 Horas de Silverstone - Inglaterra - 14 de Abril
6 Horas de Spa-Francorchamps - Belgica - 4 de Maio
24 Horas de Le Mans - França - 22 e 23 de Junho
6 Horas de São Paulo - Brasil - 1° de Setembro
6 Horas de Circuito das Americas - EUA - 22 de Setembro
6 Horas de Fuji - Japão - 20 de Outubro
6 Horas de Shanghai - China - 10 de Novembro
6 Horas de Bahrain - Bahrain - 30 de Novembro

Preparação dos Pilotos e da Equipe durante a Prova

Para um piloto guiar sua maquina por horas seguidas ele precisa de muito preparo fisico. Obviamente não existe apenas um piloto por equipe, isso seria desumano, um mesmo piloto dirigir no limite durante a prova inteira.

As equipes contam com 2 ou mais pilotos, e eles se revezam em turno, que duram cerca de 2 à 3 horas por piloto. A troca é feita durante o pit stop, e a manobra de troca é treinada incessantemente pelos pilotos, pois além deles não poderem perder tempo, o piloto não pode sair dos boxes sem ter prendido o cinto e estar devidamente seguro dentro do carro.

Veja o que Bruno Senna diz a respeito das trocas e do descante que o piloto sofre:

"Pilotos de protótipos LMP1 e LMP2 são sujeitos a longos períodos de forca-G acima de 3 vezes a da gravidade em freadas e curvas durante seus turnos, então precisam ter preparação física muito boa. Pilotos de carros GT sofrem muito mais com altas temperaturas dentro dos carros, que tem as janelas sempre fechadas e pouca refrigeração para não perder performance contra os outros carros."

"...as equipes tentam fazer com que os pilotos fiquem pelo menos 2 horas no carro a cada vez que entram nos seus turnos. Assim os pilotos que estão fora tem tempo para descansar, se alimentar e hidratar para o próximo turno. Quando o piloto dorme entre os seus turnos, é importante ser acordado com tempo suficiente para estar alerta e pronto para o próximo turno, então o fisioterapeuta tem essa tarefa de cuidar dos períodos de descanso e alimentação."


Mas não são apenas os pilotos que sofrem com as longas provas. Imagine a equipe de mecânicos  que precisam estar sempre atentos pois a qualquer momento pode haver algum problema no carro e eles precisam concertar o mais rápido possível, pois, por mais que seja uma prova de longa duração, cada segundo conta como em qualquer outra prova de automobilismo.

Com relação a isso, Bruno diz:

"Os mecânicos certamente são os que mais sofrem durante uma corrida de longa duração. Normalmente já tem longas horas de trabalho durante as semanas que precedem a corrida, montando e preparando os carros na oficina, já chegando mais cansados no começo da corrida. Toda a preparação do carro nos dias e noites anteriores, pós-classificação e pós-warm-up são essenciais para a performance na corrida. Durante a corrida, os mecânicos são acionados com uma freqüência de, pelo menos, hora em hora para os pitstops. Pitstops são situações muito estressantes, pois requerem agilidade e cuidado da parte dos mecânicos. Existe o perigo do reabastecimento, alem da troca rápida dos pneus, onde qualquer erro pode significar o fim da corrida ou muito tempo perdido."

E não vamos esquecer dos engenheiros, que tem papel fundamental na estrategia e tomada de decisões que podem decretar a vitoria no final das muitas horas de prova. Bruno Senna diz que   é o engenheiro que dá toda a noção de como está a prova para o piloto que está dentro do carro e não enxerga nada a mais do que alguns metros a sua frente.

"Engenheiros não podem perder a concentração durante todo o período, prestando atenção em todos os detalhes da telemetria do carro, que lhes fornece importantes informações sobre a “saúde” dos componentes e performance. Qualquer lapso nesse sentido pode causar acidentes em caso de falhas mecânicas ou abandonos prematuros por quebras que poderiam ter sido previstas e evitadas com troca das pecas envolvidas."

"Os engenheiros têm sempre que estar focados e atentos ao que ocorre na corrida, então é muito importante que eles tenham boa alimentação e hidratação durante todo o evento, alem de tentar descansar quando podem durante a própria corrida."



Se tudo isso for bem planejado e bem executado, a equipe tem de tudo para sair vencedora no final da corrida. E deve ser muito gratificante e prazeroso vercer uma corrida com duração de 6 Horas ou 24 Horas, nada deve se comprar a sensação de ficar um dia inteiro ligado completamente na corrida, brigando até as ultimas voltas pelo lugar mais alto do pódio.

Espero ter esclarecido um pouco sobre essa fantástica categoria do automobilismo que contribui imensamente para as tecnologias criadas tanto para o próprio mundo de corridas quanto para os carros que podemos comprar nas maiores montadoras que existem.

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